Adotar uma alimentação saudável para cuidar do coração

Mulher escolhendo alimentos saudáveis

Alimentação saudável é aquela que inclui todos os nutrientes que o corpo precisa: carboidratos, gordura, água, vitaminas e minerais, em quantidades balanceadas, sem a necessidade de restrições severas. Uma boa alimentação, aliada à prática de exercícios físicos, é uma excelente maneira de manter o coração forte e saudável.

A ingestão excessiva de pizzas, hambúrguer, carnes gordurosas e o consumo exagerado de derivados do leite têm gerado cada vez mais preocupação entre especialistas. Uma pesquisa divulgada pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), mostrou que mais de 40% da população brasileira apresenta níveis elevados de colesterol, um tipo de gordura produzida pelo fígado a fim de gerar energia para o funcionamento normal do organismo. E a má alimentação está diretamente relacionada a esse resultado.

A hipercolesterolemia acontece quando há a elevação do LDL (Low-density-lipoprotein), molécula que transporta o colesterol no organismo, incluindo a porção proveniente dos alimentos. É o conhecido “mau colesterol”.

Já o HDL (High-density-lipoprotein, ou Lipoproteína de alta densidade, em tradução livre), representa o bom colesterol.  Quando o transporte e remoção do colesterol ficam prejudicados, principalmente pelo excesso de consumo de alimentos gordurosos, o LDL forma placas de gorduras que entopem as artérias, o que influencia na diminuição da capacidade do HDL. Quando o aumento do LDL vem acompanhado do aumento de TGL (triglicerídeos) na corrente sanguínea, se considera a Dislipidemia, ou presença de gordura no sangue.

O tratamento inicial das dislipidemias geralmente inicia com estratégias não-medicamentosas, baseadas na mudança de hábitos de vida, com incentivo à alimentação saudável e prática de atividade física. Na realidade, a eficácia está na modificação do estilo de vida (MEV), com foco em reduzir o LDL e o TGL e aumentar o HDL. A melhoria nos níveis de lipoproteína de alta densidade também está associada à prática regular de atividades físicas.  É importante atentar para o nível de triglicerídeos, que é um obstáculo para o aumento do bom colesterol HDL. (3)

O aumento do consumo de fibras é valioso e benéfico para combater as dislipidemias, pois interagem de forma positiva na fisiologia gastrointestinal e lipídica. Promove proteção, prevenção e tratamento, não só para doenças coronarianas, mas também diabetes mellitus, obesidade e distúrbios do aparelho digestivo.

As fibras alimentares se diferenciam por suas funções no organismo e são classificadas, de acordo com a sua solubilidade em água, em solúveis e insolúveis. As fibras insolúveis incluem a celulose e as principais fontes são o arroz e o trigo integral. Possuem as funções de diminuir o tempo do trânsito intestinal, aumentar o volume do bolo fecal e retardar a absorção de glicose.

Já as fibras solúveis incluem a pectina, presentes nas frutas, aveia, cevada e leguminosas (feijão, grão de bico, lentilha e ervilha) e suas principais funções são de aumentar o tempo do trânsito intestinal, diminuir o esvaziamento gástrico, retardar a absorção de glicose, reduzir a glicemia após a ingestão e o colesterol sanguíneo.

Por sua capacidade de reter água, as fibras solúveis ajudam a controlar o colesterol e agem no trato gastrointestinal, provocando uma diluição benéfica que altera a absorção das gorduras. Atuam na redução do colesterol, por meio da formação de gel, o que aumenta a excreção nas fezes e diminui sua reabsorção no percurso entero-hepático.

Vale recomendar a leitura do referenciado Guia Alimentar para a população brasileira, que orienta sobre quais alimentos devem ser priorizados e aborda a questão da ingestão de ultra processados. O documento ainda destaca os dez passos importantes para adotar uma alimentação saudável.

O isolamento social imposto pela pandemia da Covid-19 aumentou os níveis de ansiedade. Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul mostrou que 80% da população brasileira apresentou sintomas de ansiedade em 2020. A diminuição das opções de lazer, o aumento do sedentarismo e o excesso da ingestão calórica e de bebidas alcoólicas, geraram diversos efeitos negativos no corpo e na mente. São motivos que reforçam ações e orientações direcionadas para mudanças de hábitos e do estilo de vida.

Maria Flavia Carvalho Giordano é Nutricionista, Especialista em Saúde Coletiva e Gestão de Qualidade e Controle Higiênico Sanitário e consultora do HCX.

 

Referências:

1- BRASIL. Ministério da Saúde. Guia alimentar para a população brasileira: promovendo a alimentação saudável.

2- Cartilha “COMO CUIDAR DE SEU CORAÇÃO”, 3ª edição, 2013, São Paulo, SP, Brasil. Elaborada pelo Serviço de Nutrição e Dietética do InCor-HCFMUSP.

3- Arq. Bras. Cardiol. 2017; 109(2 suppl 1): 1-76. Artigos. Atualização da Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose – 2017.