Novembro azul: desvendando o câncer de próstata

Câncer de próstata

Câncer de próstata: um assunto evitado nas rodas de conversa dos homens, mas que merece – e precisa – de atenção. No Brasil, a doença é o segundo tipo de câncer mais comum entre os homens, atrás apenas do câncer de pele não melanoma. 

Para 2020, o Instituto Nacional de Câncer estima que 65.840 novos casos sejam diagnosticados. Precisamos falar sobre isso, desmistificar o assunto, conscientizar e incentivar o acompanhamento médico, afinal, cuidar da saúde também é coisa de homem!

O Dr. William Nahas, Professor Titular da Disciplina de Urologia da Faculdade de Medicina da USP, respondeu perguntas sobre a doença, para tirar as principais dúvidas dos pacientes.

O aparecimento de câncer de próstata está relacionado com o estilo de vida?

É difícil saber, mas está provavelmente relacionado com hábitos, como o uso excessivo de cigarro e alimentação rica em gorduras. É importante que o indivíduo faça atividades físicas e tenha uma alimentação balanceada. 

Quem já teve o mesmo tipo de câncer na família está mais propenso a desenvolver a doença?

Existe sim um componente hereditário, e descendentes diretos têm mais chance de ter a doença. Pesquisas apontam que os afrodescentes também têm mais chances – e por vezes a doença é mais agressiva.

Quando o acompanhamento médico deve ser iniciado?

Se o paciente possui antecedente familiar, a recomendação da Sociedade Brasileira de Urologia é iniciar a investigação e acompanhamento a partir dos 45 anos de idade. Se o indivíduo não tem casos na família, pode iniciar consultas preventivas a partir dos 48 anos.

Dr. William Nahas
Dr. William Nahas, Professor Titular da Disciplina de Urologia da Faculdade de Medicina da USP

Como é feito o diagnóstico?

Parte do exame físico é o toque – que sim, deve ser feito. Um fator importante é a detecção precoce do câncer de próstata, que também pode ser realizada ao perceber o aumento de uma proteína no sangue, chamada Antígeno Prostático Específico (PSA). É uma proteína produzida pela próstata que serve para solubilizar o sêmen, e é eliminada junto a ele. Quando existe infecção ou até um tumor, essa proteína – que segue um caminho natural para sair com o sêmen – acaba caindo na corrente sanguínea. Ao perceber a elevação da proteína no sangue, sabemos que existe uma inflamação ou tumor na próstata. É um sinal de que devemos nos preocupar.

Mesmo com o exame de sangue, é preciso realizar o exame do toque?

Cerca de 5% dos tumores podem ser tão agressivos que não expressam o PSA, pois a célula é tão doente que não produz a proteína. Nesses casos, a única forma de detectar o problema é sentir a alteração na região por meio do toque. Os dois exames devem ser feitos, o toque sempre deve ser acompanhado do exame de sangue. 

O exame de toque dói?

Ele é rápido, dura cerca de dois a três segundos. É um exame desconfortável, mas necessário e tolerável.

Com qual frequência o homem deve fazer os exames?

O controle deve ser feito anualmente. O tumor do câncer de próstata tem um crescimento lento, sendo que se você não fizer o diagnóstico hoje, daqui a 11 meses ainda estaremos em fase inicial. O tratamento precoce permite a cura de quase todos os pacientes. Além disso, diminui a morbidade e a agressividade da doença e do tratamento.

A cirurgia é necessária para todos?

O diagnóstico positivo não quer dizer que todos os pacientes precisam ser operados. Uma parte da população desenvolve a doença de forma menos agressiva, que pode ser apenas acompanhada pelo médico. São indivíduos que têm o toque normal e PSA é baixo.

E como é feito o tratamento do câncer de próstata?

Temos dois tipos: cirurgia ou radioterapia. Dependendo da faixa etária do paciente, ele se enquadra em uma forma ou em outra. O paciente deve conversar com o médico, que irá indicar o tratamento mais adequado para cada caso.

Lembre-se: mantenha hábitos saudáveis e faça acompanhamento com um médico. Cuide da sua saúde!