Transtornos mentais e suicídio entre adolescentes

Transtornos mentais

Depressão, ansiedade, compulsões alimentares, alterações psicóticas, déficit de atenção e hiperatividade são alguns dos transtornos mentais que aumentaram durante a pandemia de covid-19 entre os adolescentes.

Estudo publicado na revista britânica The Lancet mostrou que houve, no geral, aumento de sintomas depressivos e ansiosos, mas o impacto na população mais velha foi bem menor quando comparado com a população mais jovem. Durante a pandemia, algumas autoridades chegaram a afirmar que o lockdown e o suicídio tinham algo em comum – mas não é bem assim.

“Os adolescentes foram mais afetados pela pandemia, do que a população geral! Porém, o aumento de casos de transtornos mentais e suicídios não está relacionado com as medidas de isolamento social. Houve sim um aumento de sintomas, mas não aumento de casos de suicídios”, explica o Dr. José Gallucci Neto, médico psiquiatra e diretor da Unidade de ECT e vídeo EEG do Instituto de Psiquiatria do HCFMUSP.

Além dos adolescentes, as mulheres também sofreram com transtornos mentais. A sobrecarrega entre vida profissional e tarefas domésticas durante a pandemia contribuiu para o aumento de diversos sintomas. “Fatores genéticos também estão relacionados para que elas tenham uma prevalência maior para sintomas de depressão e ansiedade em comparação aos homens”, afirma Dr. José.

Risco de suicídio por transtornos mentais

 Os pais, responsáveis e amigos precisam ficar atentos às mudanças de comportamento dos adolescentes, e sempre que tiverem dúvidas devem procurar ajuda profissional de um especialista em saúde mental. “A ideia de suicídio está fortemente associada aos transtornos mentais. Cerca de 90% das pessoas que tentam se suicidar têm um transtorno mental”, conta o Dr. Gallucci.

Quanto antes é identificado um transtorno mental no adolescente, melhor é a evolução do tratamento e o prognóstico. Para isso, é feito um plano para o problema que está gerando o risco de suicídio. “Primeiramente, diagnosticamos qual é o transtorno e desenvolvemos um plano de tratamento específico para ele”, explica o especialista. O diagnóstico do risco do suicídio é feito durante a entrevista clínica psiquiátrica e há técnicas específicas para abordar essa questão.

“A ideia de suicídio melhora com o tratamento do problema. Quando o paciente, além de pensar, já planejou o suicídio, é necessário alertar os familiares e pessoas próximas para que supervisionem o adolescente, pois há um risco eminente”, complementa.

Maioria do transtornos mentais aparece antes dos 20 anos

Os adolescentes são mais vulneráveis para desencadear transtornos mentais, pois eles estão passando por uma fase de desenvolvimento, integração entre os colegas e com o meio social. “Cerca de 70% dos transtornos mentais aparecem até os 20 anos de idade. Ou seja, boa parte das condições mentais vão aparecer durante o desenvolvimento para a vida adulta”, conta Dr. José.

Vários fatores estão relacionados com os casos de transtorno mental entre os mais jovens: redução da socialização, aumento do uso das redes sociais e o bullying.

“A detecção da condição entre os adolescentes pode não ser tão fácil, porque temos dificuldade de separar um sintoma de uma doença mental com o comportamento da adolescência. O melhor elemento para prestar atenção são os rendimentos: mudanças drásticas de comportamento, perda de rendimento escolar, social e emocional”, orienta Dr. José.

Prevenção ao suicídio

As campanhas que acontecem em prol da saúde mental e na prevenção do suicídio são importantes para alertar o público de que os transtornos mentais são prevalentes na sociedade e ajudam a reduzir o estigma entre a população.

“As campanhas são muito importantes para reduzir o preconceito entre a sociedade. O suicídio é um fenômeno complexo que a gente tenta entender simplificando, mas não é simples assim”, conclui Dr. José.

Se precisar de ajuda ou conhecer alguém com risco para suicídio, entre em contato com Centro de Valorização da Vida (CVV)!