A importância da Educação Física Hospitalar

Educação física hospitalar

Não é segredo que a atividade física é uma grande aliada para a saúde. O sedentarismo está relacionado à incidência e severidade de muitas doenças crônicas – e a educação física hospitalar ajuda a reverter essas condições.

A falta de atividade física aumenta substancialmente a incidência de doença arterial coronariana (45%), infarto agudo do miocárdio (60%) e hipertensão arterial (30%). Além disso, é considerado um agravante no estado geral de saúde em crianças e adolescentes acometidos por várias doenças crônicas (cardiovasculares, renais, endócrinas, neuromusculares e osteoarticulares). A constatação é da coordenadora do curso de Especialização de Educação Física na Saúde em Ambiente Hospitalar do HCX Fmusp, Profa. Dra. Ana Paula Nunes. 

“O exercício físico torna-se uma das ferramentas terapêuticas mais importantes na promoção, prevenção, proteção e reabilitação da saúde, e o profissional de Educação Física é o responsável por sua ampla disseminação”, afirma a especialista.

Educação física hospitalar no tratamento de doenças crônicas

Nas últimas décadas, tem sido estudada a importância da educação física hospitalar para o tratamento de diversas doenças crônicas: obesidade, diabetes, dislipidemia, doenças cardiovasculares, câncer, doenças neurológicas e musculoesqueléticas – condições de saúde pública em todo o mundo, sendo que algumas representam as principais causas de morte entre a população.

“Exceto para os órgãos sensoriais que parecem não ser afetados pelo exercício, todos os outros sistemas podem ser regulados de forma benéfica por meio do exercício físico regular. A atividade física é uma ferramenta de baixo custo, segura, não patenteável e, quando prescrita de maneira correta, pode pôr fim à necessidade de uma vasta gama de medicamentos”, explica a Profa. Ana Paula.

Por mais que a educação física hospitalar seja de total benefício para o paciente, ela exige uma excelente capacitação do profissional da saúde também. A Professora reforça a afirmação da Revista Brasileira de Educação Física e Esporte: “Os profissionais de educação física hospitalar responsáveis ​pelo tratamento secundário e terciário de doenças crônicas também devem se aprofundar em conceitos de fisiopatologia, sintomas e as manifestações clínicas da doença específica, bem como os benefícios e riscos inerentes do exercício físico para tal condição específica”.

Educação Física Hospitalar vai muito além dos exercícios

Algumas das atribuições do profissional de educação física hospitalar é saber interpretar os testes de laboratório e de campo, protocolos de avaliação física, medidas antropométricas e questionários, reconhecer suas indicações e contraindicações, suas limitações e recomendações de interrupção de testes/atividades.

Quando julgar necessário, solicitar exames complementares ou interconsultas para avaliação médica especializada com outros profissionais da saúde, mensurar e interpretar respostas hemodinâmicas, ventilatórias e metabólicas, bem como identificar os sinais e sintomas advindos da prática de exercícios físicos associada a interações medicamentosas. E mais: possibilidade de participação ou elaboração de pesquisa, em área específica, de forma multiprofissional ou interdisciplinar – é o que indica o Conselho Federal de Educação Física (Confef).

“Essas medidas são essenciais para o profissional que pretende compor com competência uma equipe interdisciplinar de saúde, tendo em vista a heterogeneidade das doenças tratáveis ​​na saúde e a formação continuada”, conclui a Profa. Ana Paula.

O Curso de Especialização de Educação Física na Saúde em Ambiente Hospitalar do HCX está com inscrições abertas até 15 de abril. Acesse o site do HCX para conferir mais detalhes sobre o curso e garanta a sua vaga na turma de 2022.

 

Referências:

Booth FW, Chakravarthy MV, Spangenburg EE. Exercise and gene expression: physiological regulation of the human genome through physical activity. Journal of Physiology, London, v.543, Pt.2, p.399-411, 2002.

Booth Fw, LeesSj. Fundamental questions about genes, inactivity, and chronic diseases. Physiological Genomics, Bethesda, v.28, n.2, p.146-57, 2007.

Chakravarthy  MV, Booth FW. Eating, exercise, and “thrifty” genotypes: connecting the dots toward an evolutionary understanding of modern chronic diseases. Journal of Applied Physiology, Bethesda, v.96, n.1, p.3-10, 2004. GOODYEAR, L.J. The exercise pill-too good to be true? New England Journal of Medicine, Boston, v.359, n.17, p.1842-4, 2008.

CONFEF- Conselho Federal de Educação Física, 2020. Resolução no 391/2020. Reconhecimento e definição da atuação e competências do Profissional de Educação Física em contextos hospitaleres.

Grundy SM, Cleeman JI, Merz CN, Brewer Junior HB, Clark LT, Hunninghake DB, Pasternak RC, Smith Junior SC, Stone NJ, National Heart, Lung, And Blood Institute; American College Of Cardiology Foundation; American Heart Association. Implications of recent clinical trials for the National Cholesterol Education Program Adult Treatment Panel III guidelines. Circulation, Dallas, v.110, n.2, p.227-39, 2004.

Gualano, Bruno e Tinucci, TaísSedentarismo. Exercício físico e doenças crônicas. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte [online]. 2011, v. 25, n. spe

Katzmarzyk PT, Janssen I. The economic costs associated with physical inactivity and obesity in Canada: an update. Canadian Journal of Applied Physiology, Champaign, v.29, n.1, p.90-115, 2004.

Manini TM, Everhart JE, Patel KV, Schoeller DA, Colbert LH, Visser M, Tylavsky F, Bauer DC, Goodpaster BH, Harris TB. Daily activity energy expenditure and mortality among older adults. Journal of the American Medical Association, Chicago, v.296, n.2, p.171-9, 2006.

Pedersen BK, Saltin B. Exercise as medicine – evidence for prescribing exercise as therapy in 26 different chronic diseases. Scand J Med Sci Sports. 2015 Dec;25 Suppl 3:1-72. doi: 10.1111/sms.12581. PMID: 26606383.