Tudo sobre a Síndrome do Idoso Frágil

Profissional de saúde auxiliando um idoso frágil

A população brasileira está envelhecendo, e cada vez mais se fazem necessários cuidados e políticas públicas para manter a qualidade de vida dessas pessoas. Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados em julho de 2022, mostram um aumento de 40% da população com mais de 60 anos, representando agora 14,7% – 31,2 milhões de pessoas.

Uma das principais condições que acomete essa parcela da população é a Síndrome do Idoso Frágil (ou Síndrome da Fragilidade do Idoso). Esta consiste  na perda da capacidade de reserva de muitos sistemas do organismo, que, mesmo funcionando em condições normais, não reagem bem diante de desafios ou situações de estresse.

Um exemplo bem interessante é o de um idoso frágil caminhando na calçada. Ele pode até caminhar bem, mas se pisar em um buraco, tem menos recursos para manter o equilíbrio – o reflexo estará mais lento, a força muscular da outra perna não é suficiente para mantê-lo em pé, a visão pode estar diminuída para desviar e assim por diante, o que aumenta muito a sua chance de cair”, pontua o Dr. Eduardo Ferriolli, professor titular da disciplina de Geriatria da FMUSP. 

O idoso frágil tem maior frequência de quedas, internações, perdas funcionais, institucionalização e morte. Quando há infecções, por exemplo, a resposta imunológica é inadequada e a chance de perda de funcionalidade é maior. Para cirurgias e internações, o quadro segue parecido, com perda de reservas e, assim, uma elevada probabilidade de ocorrência de reações não favoráveis.

Causas da Síndrome do Idoso Frágil

No geral, a Síndrome do Idoso Frágil está relacionada a três pontos que, em conjunto, fazem com que a pessoa entre em um ciclo vicioso de perda de energia e reservas que causam a fragilização. São eles:

  1. Inflamação crônica de baixo grau, persistente e relacionada ao envelhecimento, chamada de “inflammaging”; 
  2. Perda de massa e função muscular (sarcopenia), causada por desequilíbrio nutricional, baixa ingestão de proteínas, sedentarismo e outros aspectos relacionados ao envelhecimento;
  3. Alterações hormonais com redução de hormônios anabólicos e aumento de hormônios relacionados ao estresse.

Como reconhecer um Idoso Frágil

A avaliação de profissionais da saúde, principalmente especialistas da área, é importante para diagnosticar e identificar as causas da Síndrome do Idoso Frágil. Entretanto, há sinais no cotidiano que sugerem a presença de fragilidade, como caminhar de forma mais lenta, redução da força muscular, fadiga em atividades usuais e perda de peso de forma significativa e involuntária. “Há escalas que incluem a dificuldade para subir escadas, para carregar peso, para caminhar distâncias significativas, presença de quedas e outros marcadores”, completa Dr. Eduardo.

Além do controle de doenças crônicas e hábitos inadequados, como tabagismo, ingestão alcoólica e sedentarismo, uma das bases do tratamento é a abordagem nutricional. O aumento da ingestão de proteína, correção de déficits nutricionais específicos (de macro e micronutrientes) e do estado nutricional em si (incluindo a subnutrição e a obesidade) são fundamentais.

Outro ponto é a atividade física, preferencialmente multimodal (resistida, aeróbica, funcional e de equilíbrio), adequada para as condições físicas e clínicas do idoso frágil

Existem vários estudos demonstrando que as abordagens nutricional e de atividade física combinadas podem reduzir ou reverter a fragilidade. Por outro lado, não existem tratamentos medicamentosos específicos para essa síndrome”, finaliza.

Idoso Frágil: módulo especial no CIG 2023

Neste ano, o Curso Intensivo em Geriatria do HCX traz o módulo especial O Idoso Frágil – Do Diagnóstico ao Cuidado de Fim de Vida. O objetivo é manter o foco na atualização e aprimoramento dos cuidados geriátricos.

O programa abordará temas essenciais para melhorar a qualidade de vida dos idosos, que precisam de cuidados especiais nesta fase. As aulas passarão pelas novas evidências em geriatria, novidades no tratamento farmacológico e não farmacológico e como está o envelhecimento no Brasil e no mundo.