Manifestações neurológicas de Covid-19: entenda os efeitos

Manifestações neurológicas de Covid-19

A pandemia do novo coronavírus já passa de um ano e meio de duração, e descobertas diversas continuam surgindo entre os pesquisadores, especialmente sobre as mutações do vírus, sintomas, sequelas e até manifestações neurológicas de Covid-19.

Muitos pacientes contaminados tiveram manifestações neurológicas de Covid-19, como a síndrome de Guillain-Barré, encefalomielite disseminada aguda (ADEM), acidente vascular cerebral isquêmico (AVC), trombose venosa cerebral e crises epilépticas.

“Como a Covid-19 se tornou muito comum, é difícil dizer o quanto a doença realmente causa essas alterações, ou se algumas dessas associações são coincidências. Nosso conhecimento também foi mudando com o tempo. No início da pandemia, havia muita preocupação quanto à incidência de meningoencefalite aguda, o que hoje sabemos que é muito incomum”, explica Dr. Bruno Fukelmann Guedes, neurologista do grupo de neurologia de emergência e do grupo de neuroinfecções do HCFMUSP.

Por que ocorrem manifestações neurológicas de Covid-19?

Pacientes com Covid-19 podem desencadear AVC porque a infecção altera os sistemas de coagulação e, consequentemente, pode levar a alterações cardíacas e tromboses.

“Os verdadeiros desafios que vivemos na pandemia ocorreram pela dificuldade de diagnóstico, por vários motivos: o medo de ir ao hospital manteve pacientes com AVC leve em casa e sem investigação. Além disso, muitos pacientes tiveram AVC durante internação com vários outros problemas, como intubação e sedação, o que tornou o diagnóstico mais difícil e, infelizmente, tardio em muitos casos”, aponta Dr. Bruno.

O especialista também relata que, em muitas partes do mundo, foram apontados casos de AVC que não tiveram suas causas esclarecidas – o que pode ser consequência de todos esses fatores.

Síndrome de Guillain-Barré e Covid-19

Essa é uma condição autoimune que atinge os nervos do paciente, afetando os músculos e os membros inferiores e superiores. A síndrome costuma se desencadear após um caso de infecção, como o de gripe.

“Desde o início da pandemia, foram relatados inúmeros casos de síndrome de Guillain-Barré em pacientes contaminados e após a Covid-19, o que deu a impressão de que a incidência de casos teria aumentado muito, mas isso ainda é incerto. Enquanto na Itália foi reportado um aumento no número de casos (comparado com anos anteriores), o mesmo não aconteceu em um grande estudo no Reino Unido. No Brasil, ainda não temos dados confiáveis”, afirma Dr. Bruno.

Além de manifestações neurológicas de Covid-19, houve relatos de síndrome de Guillain-Barré após a vacinação, até mesmo no Brasil, de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). O efeito adverso é raro, mas a ANVISA já solicitou aos fabricantes dos imunizantes AstraZeneca, Janssen e CoronaVac que incluam o alerta nas bulas das vacinas.

Também vale reforçar que a imunização segue em recomendação, já que ajuda a diminuir os casos graves e risco de óbito.

Neurologia na Emergência em tempos de Covid

Em 2020, a rotina da neurologia de emergência mudou muito. Em pronto-atendimentos de hospitais secundários e da saúde suplementar, o número de casos por doenças benignas, como enxaqueca, vertigem e formigamentos, diminuiu drasticamente.

Alguns serviços, inclusive, suspenderam os atendimentos de neurologia no pronto-socorro – as estruturas hospitalares foram realocadas para o acolhimento dos casos de Covid-19, mas outras manifestações neurológicas graves continuavam surgindo.

“Continuar assistindo bem os pacientes neurológicos, apesar dessas dificuldades, foi o verdadeiro desafio da pandemia para nós. Com a baixa no número de casos novos, estamos lentamente retomando os padrões da era pré-Covid”, conta Dr. Bruno.

Manifestações neurológicas de Covid-19Curso de Emergências Neurológicas

O curso sobre Emergências Neurológicas do HCX aborda as situações neurológicas mais comuns encontradas durante o atendimento no pronto-socorro.

Durante as aulas, há encontros com especialistas que são referência no assunto para discussão de casos e esclarecimento de dúvidas. Os conteúdos serão liberados a cada mês até junho de 2022, data de finalização do curso.

Seu conteúdo está dividido em 19 temas: Acidente vascular encefálico hemorrágico intraparenquimatoso; Cefaleia – abordagem inicial e diferencial; Neuro-oftalmologia: diplopia; Acidente vascular encefálico – trombose venosa cerebral; Acidente vascular encefálico isquêmico; Acidente vascular encefálico – hemorragia subaracnóidea;  Cefaleia – tratamento das cefaleias primárias; Vertigem; Coma; Delirium; Primeira crise/escape de crise; Estado de mal epiléptico; Meningites e Meningoencefalites bacterianas e virais; Encefalites; Neuro-oftalmologia – perda visual; Paralisias flácidas agudas – Guillain Barre; Paralisias flácidas agudas – Miastenia Gravis; Mielopatia aguda; e Urgências em Distúrbios do Movimento.

A coordenação é dos Drs. Marcelo Calderaro, Adalberto Studart, Carlos Eduardo B. Passos Neto, Guilherme Diogo da Silva e Lecio Figueira Pinto, e Dr. Bruno Guedes participa como professor.

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