O Cenário da Medicina Intensiva no Brasil

Medicina Intensiva

A Medicina Intensiva ainda é uma especialidade jovem no país, constituída em 1980, no próprio Hospital das Clínicas, quando foi criada a Associação de Medicina Intensiva Brasileira. É voltada especialmente para pacientes graves e em situação crítica, como casos de traumas, atropelamento, queimadura, infarto do miocárdio, dor no peito, pneumonia e, atualmente, Covid-19. A área surgiu para cuidar de pacientes clínicos ou cirúrgicos crônicos.

O que se faz na Medicina Intensiva?

“O especialista em Medicina Intensiva pode cuidar de casos crônicos que descompensam ou casos agudos. Ele atende uma embolia de pulmão, infarto do miocárdio, arritmia cardíaca, acidente vascular cerebral (AVC). Ou seja, tudo o que leva ao risco de vida e acomete os órgãos vitais – cérebro, coração, pulmão, rins, fígado. Tudo o que pode sofrer uma disfunção e precisa de cuidado intensivo”, explica o Prof. Dr. Carlos de Carvalho, Diretor da Divisão de Pneumologia do Instituto do Coração (InCor).

Medicina Intensiva
Prof. Dr. Carlos de Carvalho, Diretor da Divisão de Pneumologia do Instituto do Coração (InCor)

Medicina Intensiva no Brasil

O Brasil tem 1.517 unidades de terapia intensiva (UTIs), sendo que mais de 800 se concentram na região Sudeste, de acordo com levantamento realizado pela AMIB em dezembro de 2020. Porém, os pacientes que precisam deste tipo de atendimento estão espalhados por todo o território nacional, e também em um número maior do que a quantidade de leitos disponíveis.

“A covid-19 mostrou que tínhamos um número insuficiente de leitos para a quantidade de casos graves. Em março e abril de 2020, profissionais da saúde ficaram bastante tempo discutindo e pressionando os secretários de saúde para comprar equipamentos (ventilador mecânico, maca, monitor) e abrir novos leitos de UTI”, comenta o Prof. Carlos. “Na primeira onda de covid, São Paulo aumentou seus leitos de UTI em duas vezes e meia. Na segunda onda, o número foi novamente dobrado; iniciamos o período com 6.300 e finalizamos com 13 mil leitos”, complementa.

O aumento do número de leitos e equipamentos ajuda bastante a população, mas a solução não se resume a apenas isso. É preciso ter profissionais capacitados para os tipos de atendimento na terapia intensiva, que saibam manusear os equipamentos de intubação e realizar o procedimento com total segurança ao paciente. Para contribuir com a capacitação dos especialistas da Medicina Intensiva, principalmente durante a pandemia, o Hospital das Clínicas criou tutoriais que ensinam as técnicas utilizadas na UTI.

“Nós criamos a teleconsultoria em UTI. Um profissional mais especializado dentro do HC entra em contato com a equipe de intensivistas, eles discutem o caso e são sugeridas condutas de profissionais mais experientes. Também fizemos protocolos, gravamos em plataformas e disponibilizamos para quem quisesse assistir”, explica o Prof. Carlos.

Quem pode ser médico Intensivista?

O médico precisa fazer uma residência própria de Medicina Intensiva, mas também é possível fazer uma especialidade ligada à área da terapia intensiva, como anestesiologia, pneumologia, nefrologia ou cardiologia. “Ele faz a especialidade da área e pode complementar fazendo uma subespecialização em terapia intensiva. As próprias áreas possibilitam isso”, orienta.

No Curso de UTI Online, oferecido pelo HCX Fmusp, o médico tem acesso a mais de 100 horas de conteúdo, distribuído em 80 aulas, ministradas pelos principais especialistas em Terapia Intensiva do HCFMUSP. “Como o curso é do mais básico para o mais avançado, serve para o profissional que quer iniciar na terapia intensiva, e também para quem deseja conhecer as atualizações da área”, conclui o Prof. Carlos Carvalho, um dos coordenadores do curso.