Terapia ocupacional ajuda na reabilitação cognitiva funcional do paciente

reabilitação cognitiva funcional

Atraso no desenvolvimento neuropsicomotor infantil, acidentes e até transtornos mentais são algumas das condições que podem fazer com que muitas pessoas não consigam executar pequenas atividades do dia a dia. Em casos assim, a terapia ocupacional (TO) ajuda na reabilitação cognitiva funcional do paciente para que ele possa realizar essas simples tarefas. 

A abordagem está relacionada com a melhora da atenção, memória e funções executivas. Ou seja, a terapia ocupacional é voltada para todos estes aspectos, e tem o objetivo de melhorar ou compensar as funções cognitivas que estão prejudicadas.

“Na TO, usamos o termo reabilitação cognitiva funcional porque o desfecho e a meta de tratamento sempre se relacionam com uma melhora funcional. Dentro deste grupo, estamos falando de pacientes que têm impacto na funcionalidade em consequência de alguma alteração cognitiva”, explica a Dra. Patricia Buchain, Terapeuta Ocupacional no Instituto de Psiquiatria do HCFMUSP, e colaboradora do grupo de pesquisa Programa Terceira Idade (PROTER HCFMUSP).

Reabilitação cognitiva nos casos de Alzheimer e Parkinson 

A terapia ocupacional é indicada para diversas condições neuropsiquiátricas em que o paciente necessite da reabilitação cognitiva funcional: esquizofrenia, depressão moderada e grave, Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e quadros demenciais em idosos. 

Nos casos de doenças degenerativas, como o Alzheimer e o Parkinson, as funções cognitivas não são restauradas, mas o indivíduo pode melhorar em alguns aspectos. “Dependendo da fase da doença, se o paciente tem capacidade de aprendizagem, vamos trabalhar com estratégias para compensar o prejuízo já instalado. Se está em uma fase em que não há mais capacidade de aprendizagem, as intervenções são mais focadas no ambiente. Não visamos a reabilitação cognitiva, pois infelizmente não é possível, mas melhoramos o desempenho nas atividades para promover mais independência”, afirma a Dra. Patricia. 

Avaliação e tratamento

Nos casos de doenças degenerativas, o tempo de tratamento pode variar bastante. O acompanhamento é longo e conforme as metas alcançadas, que são avaliadas pelo terapeuta. Quadros mais graves e crônicos precisam de mais tempo, enquanto quadros mais leves têm um número menor de sessões. 

No geral, o terapeuta ocupacional investiga o quanto e quando alguns aspectos cognitivos estão interferindo no desempenho de algumas atividades. “Avaliamos o desempenho nas tarefas e o ambiente em que o paciente está inserido. Entendemos que há uma grande interferência do ambiente nas atividades, que pode ser mais facilitador ou não”, conta a Dra. Patricia Buchain. 

A profissional explica também que essa avaliação pode demorar de quatro a seis sessões, e com ela é possível compreender quais são as potencialidades e dificuldades no desempenho das atividades, e quais são as funções cognitivas que mais estão interferindo na reabilitação do paciente.

Reabilitação cognitiva funcional em pacientes pós-Covid

A ciência continua descobrindo novas sequelas da contaminação por coronavírus – os relatos de Covid longa, ou síndrome pós-covid, são muitos, e entre esses sintomas estão alterações renais, cardíacas e na pele, queda de cabelo e alterações neurológicas, que podem desencadear dificuldades cognitivas.

Essas sequelas pós-covid podem afetar tanto os pacientes que tiveram sintomas leves e não foram internados, quanto pacientes com Covid-19 que precisaram de internação. Em ambos os casos, a reabilitação cognitiva funcional precisa ser ajustada conforme a necessidade do paciente. 

“Em consequência de algum prejuízo cognitivo, pode haver um impacto no desempenho de tarefas, e a intervenção em ambos os perfis de pacientes vai permitir o retorno à rotina de atividades. Em alguns casos, o relato é de uma melhora importante, mas também existem quadros em que as sequelas se arrastam por mais tempo”, ressalta a Dra. Patricia.

Formação em Reabilitação Cognitiva

A Especialização de Terapia Ocupacional em Reabilitação Cognitiva Funcional do HCX reúne aulas teóricas, seminários, reuniões clínicas e aulas práticas supervisionadas pelo corpo docente. 

“O aluno vai aprender todos os conceitos, protocolos e estratégias de atenção e cuidado com o paciente dentro da reabilitação cognitiva funcional. Alguns testes de avaliação precisam de treinamento, e nós também oferecemos isso em um dos módulos. Além disso, o aluno passa por todos os níveis de cuidado: ambulatório, internação e HD, com a população infantil, adultos e idosos – justamente para ter conhecimento de todos os tipos de assistências”, finaliza a Dra. Patricia Buchain. 

No site do HCX Fmusp, está disponível o programa do curso e mais informações sobre a especialização – confira!