Saúde da mulher: o que é preciso saber?

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Quando se discute a saúde da mulher, automaticamente falamos da maioria da população brasileira, já que elas representam 51,1% do total. E não envolve apenas o bem-estar físico, mas também a saúde mental e emocional.

O cuidado diferenciado nos ciclos de ciclo de vida não pode ser negligenciado, muito menos a situação da mulher na sociedade contemporânea. “Existe uma sobrecarga de responsabilidade das mulheres, que hoje trabalham fora, são mães, donas de casa e esposas. Elas acabam tendo pouco tempo para si mesma, comendo e dormindo menos”, explica Josefa Laudeir, tecnóloga em Radiologia Médica, pós-graduada em Radioterapia, Radiologia Forense, e Patologias Fetais Identificadas pela Ultrassonografia Obstétrica, além de graduada em Pedagogia. 

A profissional também alerta que a combinação de ingestão de álcool, tabagismo e anticoncepcionais é um desafio para saúde da mulher e merece atenção. “É como uma bomba-relógio, principalmente quando essas mulheres entram no climatério e chegam à menopausa”, comenta. A tríade pode aumentar o risco de diversas doenças, como trombose. 

Apesar do conceito da saúde feminina ganhar as mídias por campanhas focadas em determinadas condições, isso não deve limitar o cuidado periódico. “O corpo funciona e dá sinais o ano inteiro, não é só no Outubro Rosa (mês de prevenção ao câncer de mama) que vamos nos preocupar com a mama e a parte genital”,  completa. 

Ela ainda destaca que ter uma crença, independente de qualquer que seja, pode ser vantajoso. Estudos apontam resultados positivos da fé para a saúde. 

Câncer e doenças cardiovasculares 

É importante ressaltar que os cânceres de mama estão entre as principais preocupações, sendo o mais incidente entre as mulheres (depois do de pele não melanoma). Estimam-se  74 mil casos novos previstos por ano até 2025, conforme o Instituto Nacional de Câncer (Inca). Na sequência, figura o câncer colorretal, mas, em locais de menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o câncer do colo do útero assume essa posição.

Mulheres que já tiveram qualquer tipo de câncer precisam fazer acompanhamento periódico da condição, mesmo em recidiva. “Infelizmente, a lesão (tumor) pode reaparecer. Antigamente se falava até os cinco primeiros anos, mas hoje a literatura já aponta a possibilidade de nova lesão até 10 anos depois do fim do tratamento inicial”.

A saúde cardiovascular da mulher também não pode ser esquecida: a situação é tão relevante que foi instituída a data de 14 de maio como o Dia Nacional de Conscientização das Doenças Cardiovasculares na Mulher, por meio da lei Nº 14.320, de 31 de março de 2022.  

“De acordo com informações do DataSUS, em 2019 as doenças do aparelho circulatório foram responsáveis por mais de 170 mil óbitos de mulheres no Brasil, representando a primeira causa de morte na população feminina e superando até mesmo o número de óbitos por neoplasias”, apontou a relatora do projeto no Senado, Soraya Thronicke (PSL-MS), conforme a Agência Senado. 

Quais as principais fases da saúde da mulher?

De maneira geral, podemos delimitar as fases da saúde da mulher entre a menarca,  a mulher adulta, e o climatério/menopausa.  

  • Menarca: com o início do ciclo menstrual, é ideal que a menina seja encaminhada para o hebiatra (clínico geral focado em adolescentes) ou um ginecologista. A partir deste momento, ela terá acesso a uma educação de natureza clínica e de cuidado com o corpo, que são muito relevantes para identificação precoce de doenças.
  • Adulta: já mais madura, a mulher deve continuar com a rotina de exames e consultas periódicas, conforme a recomendação do especialista. Nesta idade,  a possibilidade de câncer de mama não deve ser negligenciada.

    A mamografia pode ser recomendada a partir dos 30 anos, se houver histórico familiar relevante referente à mãe. Já se não houver histórico, o pedido do exame pode ser feito a partir dos 35 anos.

    É também nesta etapa que ocorre uma importante mudança nas mamas; até cerca de 35 anos, o tecido mamário mantém sua estrutura fibrosa, mas após essa idade, ela começa a se transformar em gordura, dando origem ao tecido fibrogorduroso. “Nessa transformação de fibra para gordura existe o alto índice de incidência de nódulos”, alerta Josefa, salientado a necessidade de redobrar a atenção e manter as consultas em dia. Vale lembrar que a mama só atinge a maturidade, do ponto de vista biológico, quando o processo de amamentação é realizado. 
  • Climatério e menopausa: as mudanças hormonais não devem ser negadas, mas encaradas como parte do ciclo da vida. O acompanhamento médico é fundamental para superar os estigmas e preconceitos sobre a menopausa, além de identificar as mudanças hormonais. Esta fase costuma ocorrer entre os 45 e 55 anos.

    Os cuidados voltados à saúde da mulher devem permanecer, com exames como o papanicolau e ultrassonografia mamária, com periodicidade recomendada pelo especialista.

Cuidados gerais e bem-estar da Mulher

Há recomendações gerais que devem ser levadas em consideração para uma completa saúde da mulher, como investir em uma alimentação saudável, evitar o sal (a Organização Mundial da Saúde recomenda apenas 5g de sal ou 2g de sódio por dia) e beber água. 

Outras recomendações passam por dormir pelo menos oito horas por noite, ter momentos de lazer, escolher exercícios físicos de acordo com suas preferências, cuidar da saúde mental, além de evitar cigarro, álcool e hormônios como um todo. 

Priorize a sua saúde e tire um tempo para você sempre que possível! E lembre-se: a saúde da mulher merece atenção durante o ano todo. Não se deixe de lado e nem adie esse cuidado.