Tudo sobre a Síndrome de Guillain-Barré

Síndrome de Guillain-Barré

A Síndrome de Guillain-Barré (SGB) é uma condição autoimune que afeta parte do sistema nervoso periférico. Com isso, o paciente tende a evoluir para uma fraqueza progressiva e pode apresentar sintomas de formigamento ou dormência nos membros.

“Na maioria dos casos, a autoimunidade é desencadeada após uma infecção (gastrointestinal ou respiratória), ou vacinação”, explica o Dr. Guilherme Diogo da Silva, neurologista do Grupo de Neurologia de Emergência e do Grupo de Neuroinfecções do HCFMUSP.

A condição é considerada rara. Por ano, são diagnosticados de 1 a 4 casos a cada 100 mil brasileiros – a maior incidência é entre pessoas de 20 a 40 anos de idade, de acordo com dados do Ministério da Saúde

Como é feito o diagnóstico de Guillain-Barré?

Geralmente é feito após a avaliação clínica do paciente, exames de eletroneuromiografia e líquor, e a exclusão de outras causas.  Segundo o Dr. Guilherme, a apresentação clínica típica é uma fraqueza bilateral progressiva, com redução ou abolição de reflexos. A eletroneuromiografia mostra alterações das condições motoras e sensitivas, seja desmielinizante (que é mais comum) ou axonal. Já o líquor mostra a dissociação proteino-citológica (proteína elevada com celularidade normal). 

Além de ser uma condição rara, a Síndrome de Guillain-Barré pode apresentar particularidades em alguns pacientes, que podem dificultar o diagnóstico e até exigir uma nova avaliação. “Na primeira semana, em cerca de 40% dos pacientes as alterações da eletroneuromiografia podem não ser suficientes para fechar os critérios da Síndrome de Guillain-Barré. Além disso, até 50% dos pacientes podem apresentar o líquor sem a dissociação proteína-citológica, e 15% têm celularidade entre 5-50 células”, afirma.

Síndrome de Guillain-Barré e a Covid

Apesar do risco ser muito baixo, houve casos de pacientes com manifestações neurológicas após a infecção causada por Covid-19 – entre essas manifestações, está a SGB.

“Em relação ao risco após a vacinação contra Covid-19, um trabalho que fiz com colegas do Hospital Sírio-Libanês mostrou que, usando um registro nacional de efeitos colaterais da vacina americana, o risco era menor do que 1 a cada 1.000.000 (um milhão) de doses. Ou seja, o benefício da vacina é muito maior em comparação com o risco da síndrome”, conta o Dr. Guilherme Diogo da Silva.

Guillain-Barré na emergência 

As complicações da SGB podem apresentar sintomas que afetam o sistema nervoso autônomo: taquicardia, alterações na pressão arterial, sudorese, alteração no funcionamento do intestino e bexiga e disfunção pulmonar.

Com isso, o paciente pode precisar de atendimento da emergência médica e, consequentemente, tratamentos para as complicações de gravidade. “O tratamento pode incluir monitorização cardíaca, medicações para alívio dos sintomas, fisioterapia precoce para fraqueza muscular e suporte psicológico”, orienta o Dr. Guilherme.

É extremamente importante que o médico entenda que a Síndrome de Guillain-Barré é considerada uma emergência neurológica, e que exige hospitalização imediata. Se o paciente tem os músculos da face afetados, precisa de ventilação mecânica, pois tende a ter insuficiência respiratória.

“Em geral, devemos orientar os pacientes que a doença tem um bom prognóstico. Cerca de 85% dos casos já conseguem andar sem apoio em 6 meses”, conclui o Prof. Dr. Guilherme Diogo da Silva. 

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