Transtorno de personalidade: tudo o que você precisa saber

Afinal, o que define um comportamento como um transtorno de personalidade? O que é normal ou foge do padrão e é considerado uma doença? Apesar da maior disseminação de informações dessa área, muitas dúvidas intrigam as pessoas.  

Inicialmente, é preciso alertar: é importante estar atento a sintomas, mas isso não deve ser justificativa para se autodiagnosticar. Desvios de comportamento devem ser avaliados e tratados apenas com especialistas.

Para analisar o transtorno de personalidade, vamos antes nos atentar a personalidade em si: ela é formada por dois aspectos, os fatores genéticos (características inatas) e aqueles moldados pelas vivências (experiências, educação e o meio em que o indivíduo está inserido). 

Desta forma, é natural que cada pessoa desenvolva um jeito de ser e tenha características próprias – a questão está no desenvolvimento desta construção do “eu”. Todos nós temos um jeito de ser, uma forma particular de nos percebermos e perceber o que nos cerca. Isto se torna-se um padrão persistente e influencia nossos comportamos nos contextos sociais e pessoais 

De maneira geral, os transtornos de personalidade são padrões desadaptativos de comportamentos, sentimentos e emoções no modo particular de perceber o mundo  que se perpetuam ao longo da vida. 

“Se eu tenho uma característica que não traz prejuízo às minhas relações é um traço de personalidade, meu jeito de ser. Mas se traz problemas para minha vida funcional e adaptativa, é um transtorno”, pontua a Dra. Miryam Mazieiro, psicóloga do trabalho e ex-coordenadora do curso de Especialização em Psicopatologia Clínica do HCFMUSP.

Transtornos de personalidade e seus níveis 

Engana-se quem pensa que apenas comportamentos mais chamativos são transtornos de personalidade; existem graus leves, moderados e graves dessa condição. Quanto mais leve, mais facilitado será o tratamento. 

A classificação está relacionada aos prejuízos nas relações diárias do indivíduo, incluindo danos a si e a terceiros, abrangendo aspectos dos relacionamentos, papéis sociais que desempenhamos e relações no trabalho. 

Geralmente, uma pessoa com o transtorno em sua condição moderada ou grave vai apresentar conflito nos relacionamentos interpessoais, comportamentos desadaptativos, lidar mal com as situações do dia a dia provocando conflitos, ou seja, são mal ajustados aos padrões de vida normais ao meio sócio cultural a que pertencem. 

“Os casos moderados e graves têm problemas na maioria dos papéis sociais que desempenham – na família, no meio social, no trabalho.  Os relacionamentos tendem a ser caracterizados por conflito, evasão, afastamento ou dependência extrema ”, exemplifica a profissional. 

Para essa doença mental, a melhor opção de tratamento, de acordo com ela, é a psicoterapia – que auxilia na gestão das emoções e controle dos impulsos, na busca de comportamentos mais adaptativos. “Os remédios têm pouca eficácia para o tratamento de transtorno de personalidade, exceto se há comorbidade associada, como ansiedade, ou humor deprimido”, alerta a psicóloga. 

Isso acontece porque a personalidade não muda com a introdução de medicação, sendo formada no início da idade adulta, mantendo-se mais estável ao longo da vida. “Não há uma medicação capaz de interferir no padrão de  como a pessoa percebe o mundo, nesta estrutura mais rígida e duradoura que é a personalidade”, completa. 

Tipos de transtornos de personalidade 

Os transtornos de personalidade também são divididos em 3 grupos, ou clusters. Cada um dos diagnósticos possui suas particularidades, mas há semelhanças entre os agrupamentos, conforme resumo a seguir: 

1. a) “estranhos” (paranoide, esquizoide e esquizotípico): marcados por concepções delirantes da realidade e isolamento;  
2. b) impulsivos (borderline, histriônico, antissocial e narcísico): pessoas que se comportam fora das normas sociais, não sentem culpa, são autorreferentes – pensam e agem em função de benefícios próprios, podem ser manipuladoras ou ainda apresentar impulsividade acentuada.
3. c) medrosos (evitativo, dependente e obsessivo-compulsivo): com reações ansiosas e temerosas, podem ser extremamente dependentes emocionalmente, e apresentar características de timidez excessiva e afetividade negativa.

Transtorno de Boderline: características marcantes 

O Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) é um distúrbio caracterizado por uma impulsividade acentuada, distorção de imagem e uma grande instabilidade nos relacionamentos interpessoais. Os indivíduos que sofrem deste transtorno podem apresentar um sentimento crônico de raiva e de vazio.

A instabilidade emocional e reatividade levam à repetição de comportamentos destrutivos; por isso, as relações interpessoais de pessoas com esse transtorno tendem a ser intensas e instáveis, marcadas por ações impulsivas e precipitadas. 

Esse quadro pode levar à autolesão, seja para sentir-se vivo, distrair-se da dor emocional ou chamar a atenção para um sofrimento interno. “Essas pessoas têm muito medo do abandono, fazem esforços para evitá-lo, seja ele real ou o imaginário”, elucida Dra. Miryam. A autolesão nem sempre está presente, mas aqueles que a praticam geralmente têm o transtorno.

Especialização em Psicopatologia e Prática Clínica na Instituição Psiquiátrica

Focada nos psicólogos, a Especialização em Psicopatologia e Prática Clínica na Instituição Psiquiátrica oferece conhecimento teórico e habilidades práticas para atuar nas intervenções diagnósticas e terapêuticas. A formação também contempla noções de psicologia forense e psicologia do trabalho.

Aliado a isso, o diploma emitido é desejado pelo mercado de trabalho, tendo como referência o HCFMUSP, o maior complexo hospitalar da América Latina. A formação é essencial para os psicólogos que desejam aprimorar o atendimento clínico ou atuar no com pacientes no hospital psiquiátrico.

Com o conhecimento sólido e habilidades adquiridas, o psicólogo estará apto a se destacar no mercado de trabalho, a conquistar excelentes posições e fazer a diferença na vida de milhares de pessoas. Acesse o curso e saiba mais!