Cannabis medicinal: tratamento alternativo para os pacientes

cannabis medicinal

Apesar do uso da cannabis para fins medicinais ser datado de milhares de anos, o primeiro uso no Brasil foi em 2014, autorizado judicialmente. Anny Fischer, de 5 anos, sofria com quadros de epilepsia refratária e o medicamento era a única forma de amenizar os sintomas.

Com isso, os estudos se intensificaram e, atualmente, a cannabis medicinal é regulamentada no país. Apesar da extensa burocracia, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) facilitou todo o processo que, em 2015, levava de cinco a seis meses para liberação de importação e uso.

Como a cannabis é utilizada para fins medicinais?

A cannabis pode ser utilizada na produção de medicamentos a partir da extração de dois de seus componentes, sendo eles o canabidiol (CBD) e o tetra-hidrocanabinol (THC). Para desmistificar o seu uso, é importante entender que a concentração utilizada é muito inferior à encontrada na maconha recreativa: “A quantidade de THC nos remédios é de 0,3%. No cigarro de maconha, pode ter de 10 a 15%”, explica o Dr. Renato Anghinah, Professor Livre Docente da FMUSP e neurologista no HCFMUSP.

O canabidiol pode ser encontrado em subtipos, em que os mais conhecidos são: full spectrum (forma plena do extrato do produto), descarboxilada (full spectrum, porém, não ácida), broad spectrum (sem o THC, porém, com todos os outros componentes) e canabidiol isolado (tem apenas o CBD).

Indicações da cannabis medicinal

Para algumas doenças degenerativas, o uso do CBD é amplamente discutido, principalmente para os casos de Parkinson e Alzheimer. Os pacientes acometidos que estão em tratamento com a cannabis medicinal apresentam melhoras da condição – ela não causa a remissão, mas proporciona uma melhor qualidade de vida.

“Os produtos derivados da cannabis não servem para tratar nem para curar as doenças. Nos estudos clínicos feitos em humanos, não há nenhuma evidência de que produtos à base de cannabis modifiquem a velocidade de progressão de doenças degenerativas ou que tenham qualquer impacto direto”, pontua Dr. Renato.

A dor crônica também é uma das enfermidades que pode ser aliviada com o uso da substância. Normalmente, ela está associada a outras comorbidades, como depressão e ansiedade, e o CBD vem para reduzir os gatilhos emocionais que desencadeiam esse tipo de sintoma.

“Existem produtos diferentes provenientes da mesma planta. Porém, geralmente, as fórmulas full spectrum são as indicadas para dor crônica. Já há estudos que comprovam principalmente a eficácia para dor neuropática e cefaleias”, finaliza.

Para a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), o uso da cannabis medicinal é muito questionado, porém, não há estudos que comprovem a sua eficácia. Segundo o Dr. Renato, ela pode ter alguma indicação no cuidado paliativo, mas não para o tratamento em si. 

Como conseguir o medicamento?

Para o paciente ter acesso a cannabis medicinal, é necessário ter em mãos a receita prescrita por um médico habilitado e, depois, fazer um cadastro na ANVISA, de acordo com a Resolução RDC Nº 660, de 30 de março de 2022. Todo o processo é realizado pela internet (confira o vídeo explicativo disponibilizado pelo órgão) e a autorização é dada apenas para pacientes que comprovem a necessidade médica.

O consentimento é válido por seis meses, ou seja, o processo de importação pode ser realizado durante esse período, com a prescrição médica sendo apresentada nos postos da ANVISA quando necessário. 

No Brasil, há produção apenas do CBD isolado envasado, que não se adequa a todas as doenças. Algumas ONGs produzem outros subtipos, mas sem a condição técnica de fabricação dos laboratórios maiores. As maneiras ilegais de adquirir a cannabis medicinal são prejudiciais pela falta de informações concretas: “Neste caso, nem sabemos o que realmente tem no medicamento. É importante procurar empresas honestas e autorizadas pela ANVISA”, orienta Dr. Renato.

Curso de Medicina Canabinoide 

O HCX, oferece o curso de Medicina Canabinoide: Abordagem Baseada em Evidências Científicas, voltado exclusivamente para os profissionais de medicina e odontologia. Coordenado pelo Dr. Renato e pela Dra. Sonia Maria Dozzi Brucki, ele aborda desde as diferentes espécies de plantas que originam os compostos encontrados no uso terapêutico, até as bases fisiológicas e farmacológicas que compõem o sistema endocanabinoide.

Além disso, ele traz o manejo posológico destes compostos e permite que o aluno conheça todos os aspectos da Medicina Canabinoide como um arsenal terapêutico em sua prática clínica. O objetivo final é o conhecimento da cannabis medicinal em sua totalidade, da origem até a correta indicação.

Para outras informações, acesse o site do curso e faça a sua inscrição.