Depressão infantil: como identificar o transtorno em crianças e adolescentes?

depressão infantil

A depressão é um dos transtornos mentais mais comuns e atinge mais de 300 milhões de pessoas no mundo. Esse dado engloba todas as idades, ou seja, as crianças também fazem parte deste quadro.

A depressão infantil é uma realidade de difícil identificação, muitas vezes sendo confundida com ansiedade e Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade. Além disso, nem sempre a criança consegue expressar o que realmente sente, fazendo com que o reconhecimento da patologia seja delicado.

Segundo estudo realizado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), 36% dos jovens no Brasil, entre 5 e 17 anos, apresentaram sintomas de depressão durante a pandemia. Os resultados vieram por meio de um levantamento online; diante da grande falta de acesso à internet, essa taxa pode ser ainda maior.

O que é depressão infantil?

A depressão infantil é uma alteração de humor de repercussão global sobre o indivíduo, em termos de pensamento e capacidade cognitiva. Nesse processo, a criança tem prejuízo emocional, com pouco ânimo, uma visão negativa do mundo e comportamentos condizentes com falta de energia, prazer e busca por situações agradáveis.

Antes da puberdade, essa condição de saúde acomete 1% do público; até os 18 anos, esse número sobe para 20%. Os episódios depressivos são desencadeados por algum fator externo, como situações familiares, e também biológico, como suscetibilidade genética. Todos eles interagem entre si e levam à depressão infantil, que altera o funcionamento do cérebro. “Uma criança que já tem um temperamento, desde muito cedo, mais tímido, mais introvertido e com dificuldade para resolver problemas, por exemplo. Essas questões cognitivas e de temperamento na infância, que também podem ser expostas a situações de violência, como bullying, tornam alguém mais sensível para ser acometido”, exemplifica o Dr. Guilherme Polanczyk, chefe do serviço e professor associado de Psiquiatria da Infância e Adolescência na FMUSP.

Os pais devem se atentar às mudanças de comportamento para diferenciar os casos de cansaço corriqueiro, por exemplo, de situações que precisam de intervenção profissional. A criança passa por alterações do funcionamento do próprio corpo, como falta de apetite, insônia, falta de energia e mudanças de pensamento, deixa de ter perspectiva sobre o futuro e é acometida por tristeza profunda. Além disso, ela adquire problemas escolares, baixa autoestima, agressividade e medo excessivo.

Como tratar a depressão infantil?

A depressão infantil é tratada de acordo com o seu grau de intensidade. Em situações mais leves, somente a psicoterapia é eficaz; em casos moderados ou graves, ela deve ser associada com o tratamento medicamentoso.

Esse tipo de terapia pode ser realizado de duas formas: individual ou em família. Além do cuidado com a criança, é importante que os pais também analisem as suas próprias condições, já que o transtorno pode ser desencadeado por questões familiares e depressão de uma das partes, por exemplo. 

Nesse sentido, a atuação de uma equipe multidisciplinar é essencial, já que mais de uma especialidade pode contribuir com o tratamento – geralmente, são psicólogos, psiquiatras da infância e para os familiares, médicos, pediatras e assistentes sociais.

É importante que o tratamento não seja desconsiderado e que tenha início assim que possível, pois a condição afeta o desenvolvimento infantil até chegar à idade adulta. Além de prejuízos emocionais, há também prejuízos sociais e de aprendizado.

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