Qual o papel do médico do trabalho? 

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No Brasil, ocorreram mais de 600 mil acidentes de trabalho em 2022, resultando em 2,5 mil óbitos. Aliado a isso, o país tem o triste título de “quarto país do mundo em número de acidentes de trabalho“, o que torna a missão do médico do trabalho evidente.

“O número de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho notificadas no Brasil é assustador. A subnotificação destes eventos também é significativa, jogando para baixo os números reais”, pondera o Dr. Marcelo Pustiglione, professor do Departamento de Medicina Legal, Bioética, Medicina do Trabalho e Medicina Física e Reabilitação da USP.

O médico do trabalho é responsável pela saúde dos trabalhadores, envolvendo promoção, prevenção, recuperação e adaptação, em diversas situações de saúde dos funcionários. “A atuação preventiva do médico do trabalho tem o potencial de reverter essa situação de acidentes, minimizando o impacto emocional e reduzindo os custos diretos e indiretos das doenças e agravos relacionados ao trabalho”, avalia Dr. Marcelo.

O profissional sinaliza ainda que existem os custos social e financeiro decorrentes dos longos afastamentos do trabalho e dos benefícios previdenciários, aposentadorias precoces, judicializações, sobrecarga nas taxas dos seguros, etc.

Passo a passo da atuação 

Resumir a atuação do médico do trabalho é uma tarefa complexa, pois envolve atividades simultâneas e variáveis conforme o ambiente. Mas, na tentativa de esclarecer a profissão, elencamos algumas das funções:

1) Identificar e avaliar os riscos no ambiente de trabalho

Em colaboração com especialistas, incluindo engenheiros de Segurança do Trabalho, o médico do trabalho investiga os riscos do ambiente para proteger a saúde e a segurança dos trabalhadores. Essa avaliação abrange potenciais acidentes, doenças e sofrimento.

2) Compreender os antecedentes

Na sequência, deve-se compreender o histórico natural das alterações do estado de saúde, avaliando sua magnitude e potencial de morbimortalidade – um conceito que combina morbilidade (presença de doença) e mortalidade.

Com isso, o profissional poderá elaborar um programa de controle médico, com foco no diagnóstico e tratamento precoce de possíveis agravos, evitando disfuncionalidades, sequelas, sofrimento e morte evitáveis e precoces decorrentes do trabalho. 

3) Desenvolvimento de linhas de cuidados específicos

Outras funções incluem desenvolver programas de prevenção de doenças e inclusão para grupos específicos, como de gestantes, lactantes, pessoas com deficiência e trabalhadores que retornam ao trabalho após afastamento.

Como está o mercado de trabalho da área?

A Medicina do Trabalho é a sétima especialidade com maior número registrado pelo Conselho Federal de Medicina. A concorrência significativa cria oportunidades para que especialistas se destaquem.

“Isto obriga o especialista a se diferenciar no mercado através de suas competências adquiridas em cursos de especialização qualificados e participação em congressos e programas de atualização, aprofundamento e educação continuada”, destaca o Dr. Marcelo.

Além disso, após cerca de 50 anos de experiência na área, o profissional observa que o mercado permanece aquecido. A explicação é simples: as demandas legais trabalhistas e os requisitos de saúde e segurança no trabalho para certificações nacionais e internacionais são expressivos. 

“Agregue-se que o universo do trabalho é dinâmico, fato que aumenta a necessidade de verdadeiros especialistas para fazer a gestão da saúde e segurança no trabalho”, analisa. 

Quem pode atuar como médico do trabalho?

Para atuar como médico do trabalho, é preciso ser formado em Medicina e obter um certificado de pós-graduação lato sensu (especialização) em Medicina do Trabalho.

“Entretanto, para se identificar como especialista em Medicina do Trabalho e ser coordenador dos programas determinados pela legislação específica, ele deve ter um Registro de Qualificação de Especialidade (RQE), conhecido como título de especialista”, lembra o Dr. Marcelo. 

Ele também aconselha a “realização de um curso de especialização em medicina do trabalho diferenciado por sua grade didático-pedagógica, carga horária, qualificação de seu corpo docente e vínculo com uma faculdade de medicina”. E destaca a necessidade de estudo contínuo, para se atualizar e transitar pelas áreas de conhecimento fronteiriços, como as legislações trabalhista, previdenciária e sanitária.

 Especialização em Medicina do Trabalho

O HCX Fmusp oferece um curso com mais de 40 anos de história, além de um corpo docente de renome. Ao todo, a especialização em Medicina do Trabalho conta com 1.900 horas, divididas em aulas onlines, presenciais e prática supervisionada. 

Todo o aprendizado previsto está conforme as normas da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT), com a prática realizada em empresas parceiras. Visite a página do curso de Medicina do Trabalho e saiba mais!