Médico especialista em dor: o que é e como se qualificar

Médico especialista em dor atendendo uma paciente com enxaqueca

A dor crônica afeta pelo menos 30% da população brasileira, representando um problema de saúde global. Neste cenário, o médico especialista em dor é essencial para reverter este quadro e amenizar o sofrimento dos pacientes. 

Dor crônica é a condição que mais compromete a qualidade de vida e saúde das pessoas”, destaca a Dra. Lin Tchia Yeng, médica fisiatra e coordenadora do Centro de Dor do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HCFMUSP).

Mesmo assim, os currículos oferecidos na maioria das instituições de ensino são insuficientes para lidar com o problema. “Os profissionais de saúde não têm uma formação adequada no manejo de pessoas com dor crônica, desde o diagnóstico até o tratamento. Portanto, é necessário preencher a lacuna na formação das áreas de saúde”, argumenta.

O que é medicina da dor?

A medicina da dor é uma especialidade voltada para o tratamento da dor crônica, e é considerada relativamente recente em comparação com as outras áreas clássicas da saúde. Ela sustenta que a dor crônica é uma condição médica em si, e não apenas um sintoma.

“Essa especialidade surge de uma ideia anterior de que dor seria um sintoma de outras doenças, mas na prática, ela é a responsável pela incapacidade e sofrimento na maioria dos pacientes”, destaca o Dr. Gabriel Kubota, neurologista e coordenador do Centro de Dor do HCFMUSP e membro do grupo de cefaleias da Faculdade de Medicina da USP.

O que é dor crônica e quais são os tipos existentes?

Dor crônica implica em qualquer tipo de dor persistente ou recorrente que dura mais de três meses. “Existem vários tipos de dor crônica, incluindo neuropática, nociplástica e nociceptiva – são diversas categorias dentro dos casos de dor crônica”, avalia o Dr. Gabriel.

O tratamento de pacientes com este quadro é urgente e impacta diretamente nos custos do setor de saúde. A dor crônica é muito prevalente, incapacitante e o seu tratamento é caro. Por exemplo, no Brasil, há custos de cerca de R$ 67 bilhões em gastos no sistema de saúde, por conta da queda de produtividade relacionada à enxaqueca.

Mercado de trabalho para o médico especialista em dor 

A atuação do especialista é ampla e envolve diferentes especialidades. O mercado de trabalho apresenta uma demanda crescente por médicos especialistas em dor, dada a dificuldade no manejo desses pacientes. Neste cenário, a demanda pelo profissional tem sido reconhecida tanto pelo setor público quanto pelo privado.

Os planos de saúde têm investido em ambulatórios especializados para o tratamento da dor. “Esses pacientes são muito custosos para o plano quando não recebem tratamento adequado, porque eles frequentemente buscam atendimento em pronto-socorro e realizam diversos exames”, reconhece o Dr. Gabriel. 

No setor público, pode-se destacar a iniciativa da prefeitura de São Paulo que criou núcleos de especialidades com foco no tratamento da dor.

Como é a rotina do médico especialista em dor? 

A rotina do profissional na medicina da dor é determinada pela área específica em que escolhe focar sua atuação. Apesar disso, vale destacar que a especialidade “tem uma atuação ambulatorial muito forte, sendo o aspecto mais destacado da especialidade, envolvendo consultas e procedimentos de baixa complexidade”, expõe o especialista. 

Como atuar na área? 

Existem diversas possibilidades de atuar no tratamento da dor crônica, devido à multidisciplinaridade necessária no cuidado ao paciente, que pode incluir terapeuta ocupacional, nutricionista, fisioterapeutas, entre outros.

No caso dos médicos especialistas em dor, é possível conquistar o título por meio da prova da Associação Médica Brasileira (AMB). “Para isso é necessário que os médicos tenham o curso de formação de dois anos ou um estágio similar a residência médica, ou fellowship”, indica a Dra. Lin.

Especialização em Dor

O HCX Fmusp fornece uma formação com 600 horas de conteúdo de excelência, ministrada por especialistas líderes no setor. São aulas teóricas e práticas em enfermaria e vários ambulatórios de especialidades, abrangendo áreas como musculoesquelético, dores neuropáticas, dores oncológicas, pediatria e psiquiatria.

“Nosso curso é o mais antigo, e multi e interdisciplinar que existe no Brasil. Ele conta com a avaliação de diferentes olhares de vários especialistas que atuam na área da dor, quer sejam médicos, fisioterapeutas, psicólogos, terapeutas ocupacionais, nutricionistas e educadores físicos”, destaca a Dra. Lin, que coordena a formação. 

Ao término da formação, o profissional estará capacitado a realizar um diagnóstico adequado e administrar ou recomendar tratamentos, sejam eles farmacológicos ou não. 

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