O cuidado com a saúde mental na atualidade

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O século XXI, junto com tantas novidades em diversos setores da sociedade, trouxe também um aumento significativo das doenças mentais – a depressão, por exemplo, é considerada o mal deste período. No Brasil, durante o primeiro ano da pandemia da covid-19, os casos de ansiedade e depressão aumentaram cerca de 25%.

Dessa forma, a saúde mental se tornou tema corriqueiro na vida dos brasileiros. Se antes ela não estava entre as preocupações, hoje tem um protagonismo e é mais discutida abertamente. Em quatro anos, houve um aumento de 2,7 vezes na quantidade de pessoas que a consideram uma inquietude.

Afinal, o que é saúde mental?

Segundo a Organização Mundial de Saúde, a saúde mental não é só a ausência de doenças, mas sim o perfeito equilíbrio entre saúde física, mental, social e espiritual. Além de estar bem fisicamente, a pessoa precisa ter boas relações sociais e se entender como ser humano, através do autoconhecimento.

Sendo assim, o fundamento da saúde mental se encontra em seus três pilares: o  lado espiritual, físico e mental. Nesse sentido, há uma diferença entre ela e a saúde emocional, que está relacionada com o desequilíbrio momentâneo: “Você pode ser uma pessoa que não tem transtorno psiquiátrico, mas não está bem emocionalmente. Por exemplo, está em um processo de separação e está muito mexido e, com isso, não tem mecanismos internos para lidar no campo das emoções diante de um conflito. E aí adoece mentalmente naquele momento”, pontua o Coordenador da Pós-graduação Multiprofissional em Saúde Mental e Psiquiatria do HCFMUSP, Dr. José Gilberto Prates, especialista em saúde mental e doutor em ciências da saúde.

Cuidando da sua saúde mental

Para que a saúde mental esteja sempre em dia, é preciso se conhecer e estabelecer alguns hábitos, como se alimentar bem, dormir o suficiente e ter relações sociais e afetivas de maneira saudável. Para os profissionais da saúde, que estiveram na linha de frente da covid-19 e tiveram que lidar com situações delicadas ao longo deste tempo, o cuidado é redobrado. 

Segundo o Dr. José Gilberto, a negligência com a saúde mental sempre existiu nessa classe, já que muitos trabalham em mais de dois ou três hospitais, o que prejudica os afazeres da vida pessoal, como praticar esportes, ler um livro e curtir a família. “Como cuidamos de outras pessoas, é preciso entender que precisamos cuidar da gente também. Tudo o que ajuda na qualidade de vida, ajuda na saúde mental”, afirma.

Esse comportamento precisa ser incentivado, já que os profissionais da saúde, em especial médicos e enfermeiros, exageram na carga horária de trabalho, acumulando mais de um emprego. Para o especialista, isso acontece devido à busca por grandes retornos financeiros, e a saúde mental fica esquecida. É importante que os profissionais dessa área também se cuidem para que as emoções possam ser controladas: “A terapia é importante para todo mundo se conhecer, para conhecer suas fragilidades e suas dificuldades”, pontua.

Emoções “à flor da pele”

Atualmente, a sociedade passa por um período de vulnerabilidade no campo das emoções e no seu tempo de equilíbrio. Para que esse cenário comece a mudar, é importante que as pessoas comecem a adquirir hábitos saudáveis para uma melhor qualidade de vida.

Com a quantidade de trabalho, como mencionado anteriormente, e uma vida mais frenética, não há autocuidado, nem atenção com o que está acontecendo ao redor, inclusive com a família. Resgatar a espiritualidade, até mesmo no campo religioso, faz com que a saúde mental fique protegida: “Quando eu vejo um jovem entrando em uma escola e praticando violência contra todo mundo… Eu acho que ele está muito freneticamente adoecido, e ninguém viu. Onde estamos falhando?”, pergunta Dr. José Gilberto.

É preciso se perguntar para onde a vida está caminhando e o que você está fazendo com ela. Algumas perguntas que o especialista sugere são: “Eu tenho conversado com meus amigos?”, “Eu dou atenção o suficiente?”, “Eu falo com minha família e com meu namorado?”, “Eu estou conversando com meus irmãos?”. O contato das relações é importante para que haja essa manutenção, de forma que você e o outro possam ser percebidos: “A professora de enfermagem Maria Júlia Paes da Silva tem um texto que diz ‘comunicação tem remédio’. Eu conversei com ela recentemente e falei ‘professora, eu acho que comunicação É o remédio’”, finaliza.

Especialização Multiprofissional em Saúde Mental e Psiquiatria

Coordenado pelos Drs. José Gilberto e Zulmira Maria Lobato, o curso de Pós-graduação em Saúde Mental apresenta os conhecimentos fundamentais para uma atuação de excelência na rede de atenção psicossocial – a maioria dos alunos vem dessa área, seja do CAPS, NASFs, entre outros.

Nele, é possível aprimorar as competências e habilidades relacionadas à atenção à saúde, tomada de decisões, comunicação, trabalho em equipe, liderança, judicialização, administração, gerenciamento, gestão, educação permanente e atendimento multiprofissional em Saúde Mental e Psiquiatria.

As inscrições terminam em julho. Acesse o site e confira mais detalhes sobre a especialização.